quinta-feira, 13 de junho de 2013

Os protestos em São Paulo e o papel das mães

 Eu queria escrever sobre um livro pelo qual a Nina se apaixonou. Pensei também em postar sobre umas brincadeiras que fizemos inspiradas pelo grupo de Montessori. Mas acontece que tem uma coisa muito grave rolando bem debaixo do nosso nariz e não sai da minha cabeça: a violência praticada pela PM de São Paulo contra os manifestantes que protestam contra o aumento das passagens.
 Não vou entrar a fundo na questão econômica envolvida, nem dizer o que penso de quem acha que R$0,20 não é motivo para as pessoas se manifestarem. O que eu quero é convidar você, mãe, a pensar comigo algumas questões.
 Como nós vamos ensinar nossos filhos em quem confiar depois de ver um policial quebrar o vidro da própria viatura para culpar manifestantes? É realmente inacreditável, mas veja com seus próprios olhos.
 Como vamos educar a próxima geração para construir um mundo melhor se apontamos o dedo em reprovação e julgamos como vândalos os que se unem para lutar por uma causa? Mesmo que ache que existem coisas mais importantes para serem reivindicadas, só o fato dessas pessoas levantarem suas bundinhas e agirem pelo que acreditam já é inspirador! Se você acredita em algo, siga o exemplo em vez de criticar.
 Que mensagem passamos aos nossos filhos quando nos preocupamos mais com o trânsito causado pelo protesto (bem-estar individual) do que com o que se tenta conquistar através dele (bem-estar coletivo)? Acho de um egoísmo sem fim esse discurso sobre os protestos causarem congestionamentos. Como eu li em um dos vários textos sobre o assunto, o show do U2 ou o jogo de futebol também ferram o trânsito, mas não vemos ninguém se revoltando contra isso.
 Por que nos preocupamos em despertar em nossos filhos o gosto pela leitura, mas não questionamos o que lemos? Até ontem grandes jornais como Folha e Estadão diziam: "São jovens predispostos à violência por uma ideologia pseudorrevolucionária" ou "A PM agiu com moderação, ao contrário do que disseram os manifestantes, que a acusaram de truculência para justificar os seus atos de vandalismo." Hoje, diante dos vídeos e dezenas de depoimentos que comprovam que a violência partiu da PM (inclusive contra os próprios jornalistas), provavelmente o tom do discurso será outro. Em que meio de comunicação podemos confiar? De onde tiramos informação para formar nossas opiniões? É um assunto que merece reflexão. Não gosto da ideia de ser levada a ter determinada visão.
 Eu quero ensinar à Nina que ela pode discordar, quero que cresça sabendo que suas atitudes têm poder transformador. Por isso apoio os protestos. O movimento pode até ter começado devido ao aumento das tarifas dos transportes, mas agora já ultrapassou essa questão. Ele diz respeito a qualquer um que seja contra a violência, contra o abuso de poder do Estado, que seja a favor da liberdade de manifestar sua opinião, que acredite que o ser humano deve ser respeitado. Não acabou ainda, e a lição que vai ficar disso tudo depende do apoio que cada um de nós vai dar a essas pessoas que ousaram. Cabe às mães e pais também ensinar o que é ser cidadão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário